POR QUE SOU PRESBITERIANO?
VII – POR SUA GENEROSIDADE
O comportamento do Presbiterianismo é assinalado através da história por um acentuado espírito de magnanimidade, de altruísmo e de elevação.
Vauvernague diz que “o interesse é o fim do amor próprio a generosidade é o sacrifício”. Efetivamente, sempre que teve de assumir atitudes decisivas, o Presbiterianismo escolheu o sacrifício como seu objetivo. Nunca se deixou dominar pelo interesse.
Por isso, podemos dizer que o sistema presbiteriano forma um grupo generoso. Não diríamos liberal, ainda que a isso sejamos bem tentados. Não o dizemos pelas implicações que esse vocábulo contém. Generoso é o qualificativo para o ofício que lhe deu o nome: o de presbítero. A primeira citação feita nas Sagradas Escrituras ao presbítero refere-se a alguém chamado para servir. É o que se vê em Ex 3.16. No deserto da peregrinação os presbíteros foram reunidos em uma corporação para servir (Nm 11.16, 17). Aí Deus os instala no governo da comunidade para ajudar Moisés. Note-se: para ajudar.
Os tempos foram correndo. A instituição parecia em recesso. Vem a sinagoga. Como ela, os presbíteros reaparecem no mesmo espírito generoso.
Na aurora do cristianismo é só ler o livro de Atos para ver a nobreza do comportamento do presbiterato. O bispo suplanta-o, mas o espírito não se extingue. João Calvino o redescobre e só teve que lhe tirar o pó dos séculos. O grande genebrino (oriundo da França) põe em relevo a magnanimidade da instituição do presbiterato e o Presbiterianismo oferece ao mundo nova concepção de liberdade e de democracia. Onde chegou sua influência ou, enquanto durou essa influência, até a linguagem dos povos foi diferente. Tudo se dizia e fazia em termos de uma elevação que não comportava tirania nem imposição. E assim surgiram nações liberais, ricas, dadivosas, pacíficas, crentes, missionárias, tais com a Boêmia, a Hungria, a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, a América do Norte, a Escócia, a Finlândia, entre outras.
Inerentemente generoso o Presbiterianismo quer dar a Palavra de Deus aos povos. É desbravador. Ama o pioneirismo. Paradoxalmente, não corteja os números da estatística, nem a popularidade. Arrisca-se, prega, implanta a obra e, muita vez, cede o campo para outro. Vai para frente.
Exemplos. No Brasil, a Igreja Presbiteriana tinha uma boa igreja na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul. Chegando ali os episcopais, há uns 80 anos (?), entregou a igreja de Rio Grande aos episcopais, voltando-se para outras regiões do País. Só voltou ao Rio Grande do Sul em 1960! O mesmo aconteceu em Petrópolis, lá para 1919. Os metodistas abriram ali um Colégio e um trabalho. Os presbiterianos cederam sua congregação aos metodistas. O Colégio, depois transferido para o Rio de Janeiro, é o atual instituto Bennett. Ainda, em Belo Horizonte. As Missões norte-americanas haviam feito uma divisão territorial cabendo Belo Horizonte aos metodistas. Só em 1917, após muito esforço e sem a cooperação da missão regional foi aberto o trabalho em Belo Horizonte pelo Presbitério Sul de Minas!
A mão presbiteriana esteve a serviço de outros Grupos co-irmãos.
Foi o que aconteceu com o Exército da Salvação, segundo relatou seu órgão oficial o “BRADO DE GUERRA” em número comemorativo do cinqüentenário da obra no Brasil. Diz ele:
“Durante a primeira parte do presente século, o pai do Dr. Erasmo Braga encontrouse com William Booth, em Londres, e prometeu sua ajuda caso ele enviasse oficiais para começar a obra salvacionista no Brasil....
O Tte. Cel. David Miche e Senhora chegaram ao Brasil a 8 de maio de 1922 e desfraldaram a bandeira salvacionista. O Dr. Braga cumpriu a promessa feita por seu pai” (Rev. J. R. Carvalho Braga).
Essa a linha de comportamento generoso e cordato do Presbiterianismo. Um Presbiterianismo que progride porque, com a graça de Deus, oferece vida abundante em Cristo.
Mas sua generosidade tem outros aspectos, cada qual mais edificante. É um desses casos O do Dr. Alberto Schweitzer, o eminente prêmio “Nobel” da Paz em 1953, o maior intérprete da música de João Sebastião Bach em todo o mundo.
Em 1905 a Missão presidida pelo Pastor Alfred Goegner carecia de um missionário médico para trabalhar entre os leprosos de certa região da África. Lançou o apelo em reunião pública em Paris Respondeu-a um brilhante estudante chamado Alberto Schweilzer. Pouco lhe faltava para completar os estudos médicos. Não era presbiteriano. Era Unitariano. Só cria num Deus, do qual Jesus Cristo era uma simples forma de manifestação. O Rev. Goegner viu nele o cavalheiro, o crente e o idealista imbuído do espírito de servir. Estava dentro do quadro do Presbiterianismo. Dependia o entendimento de um acordo entre as partes. Aceitou o oferecimento. Schweitzer voltou aos livros em Strasburgo, e ao seu órgão. Este poderia ser um meio de levantar fundos para a Missão. Realmente, o foi, mais tarde. Em 1913 doutorou-se. Casou-se e viajou para a África e ali viveu toda sua vida, entre os morféticos negros e outros enfermos. Sua obra não tem similar.
Schweitzer fazia prédicas. Era uma parte de suas obrigações, instruir os negros no cristianismo. Manteve a palavra empenhada. A Igreja Reformada da Alsácia manteve a sua também. Não lhe poupou nenhum daqueles meios de que ele careceu para viver o cristianismo como é pregado por ela. Um cavalheiro honesto e uma Igreja generosa!
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