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sábado, 7 de março de 2009
O BATISMO DE CRIANÇAS - PHILIPPE LANDES
Porque Batizar Crianças
Apresentaremos aos nossos leitores as razões bíblicas para batizar crianças em forma de perguntas e respostas.
Pergunta n.º 1 — O que ensinam as igrejas evangélicas sobre a significação do batismo?
A maioria delas ensina que o batismo simboliza a regeneração, mas algumas, concordando com a Igreja Romana, ensinam que o batismo produz a regeneração.
Pergunta n.° 2 — Podem as águas do batismo produzir a regeneração?
Não há nenhuma passagem bíblica que, bem interpretada, ensina essa doutrina da regeneração batismal, mas há, pelo contrário, muitas passagens que categoricamente condenam as cerimônias e ritos religiosos como meios de alcançar a salvação. Paulo afirma que nada vale a circuncisão ou a incircuncisão, mas antes o ser uma nova criatura (Gal. 6:15). O rito do batismo não tem nenhum poder para regenerar; é apenas um símbolo da regenera¬ção, isto é do novo nascimento produzido pelo poder de Deus (João 1:13).
Pergunta n.° 3 — Quais são os pontos de divergência entre os crentes evangélicos relativamente ao batismo de crianças e o que significam os termos: pedobatista e anti-pedobatista?
Os crentes evangélicos que batizam crianças são denominados pedobatistas, crendo ser bíblica essa prática, mas os antipedobatistas são contrários ao batismo infantil, julgando-o anti-bíblico. Os antipedobatistas são de parecer que devem ser batizadas somente as pessoas que crêem no evangelho. Os pedobatistas acham que os filhinhos de pais crentes, membros da Igreja, devem ser batizados.
Pergunta n.° 4 — Quem foram os anabatistas?
Os anabatistas foram antipedobatistas que surgiram no tempo da Reforma do século XVI. Foram chamados anabatistas, porque rebatizavam os adultos convertidos que já haviam sido batizados na infância.
Nota: Por conveniência, empregamos, nesta exposição o termo adulto, em sentido lato, para incluir todas as pessoas que tenham idade suficiente para crer em Cristo como Salvador, embora sejam ainda jovens ou crianças capazes de apreciar por si o plano de salvação.
Pergunta n.° 5 — Pode-se provar biblicamente que filhos de crentes devem ser batizados?
Sim, é possível porque Deus fez com o seu povo um pacto no qual determinou que os filhos de crentes fossem, juntamente com os pais, admitidos como membros da sua Igreja, por meio de uma ordenança solene, sendo essa ordenança na Velha Dispensação judaica a circuncisão e na Nova Dispensação do Novo Testamento o batismo cristão. Se ás criancinhas foram admitidas pelo próprio Deus como membros infantis da sua Igreja, não se deve negar-lhes o sinal visível dessa preciosa realidade.
Pergunta n.° 6 — Pode-se provar que existia a Igreja de Deus, na Velha Dispensação, antes do tempo de Cristo?
O povo de Deus constitui a sua Igreja. Visto ter existido sempre um povo fiel a Deus, conclui-se que sempre existiu a Igreja de Deus.
Estevão, o primeiro mártir cristão, confirma essa verdade, referindo-se à Igreja nos seguintes termos: “Esse é Moisés, que disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim. Este é aquele que esteve na igreja no deserto com o anjo que lhe falava no Monte Sinai, e com os nossos pais; o qual recebeu oráculos de vida para vo-los dar.” (Atos 7:37 e 38).
Pergunta n.° 7 — Quais são as provas bíblicas de que na Velha Dispensação as crianças pertenciam ao povo de Deus e eram por isso membros infantis de sua Igreja?
Encontramos essas provas especialmente em Gen. 12: 1-3; Gen. 17 e Deut. 29:10-13. Nesta última passagem, os pequeninos são lembrados como parte integrante do povo de Deus. O sinal visível do trato que Deus fez com o seu povo foi a circuncisão. Os meninos, como Isaque, eram circuncidados ao oitavo dia (Gen. 17:12 e Gen. 21:4). Esse rito era o sinal visível da sua inclusão na Igreja do Velho Testamento. O menino Jesus foi circuncidado ao oitavo dia (Lucas 2:21) e assim se identificou com o seu povo.
Pergunta n.° 8 — O direito das crianças de pertencer à Igreja foi confirmado ou foi cassado na Nova Dispensação do Novo Testamento?
Não há nenhuma passagem no Novo Testamento que prive as crianças, filhos de pais crentes, de pertencer ao povo de Deus, mas, pelo contrário, encontramos abundantes confirmações desse privilégio.
Quando Pedro recebia, na Igreja da Nova Dispensação, pelo rito do batismo, no dia de Pentecostes, os primeiros convertidos, disse aos pais crentes: “Para vós é a promessa e para os vossos filhos” (Atos 2:39). Os filhos desses crentes foram incluídos na Igreja de Deus, juntamente com os pais. O rito de admissão na Igreja foi o batismo (Atos 2:41).
O apóstolo Paulo também teve os filhos de crentes na conta de membros da Igreja, quando disse: “Pois o marido incrédulo é santificado na mulher e a mulher incrédula é santificada no marido, de outra maneira os vossos filhos seriam imundos, mas agora são santos” (I Cor. 7:14). A palavra santo para Paulo significa membro da Igreja, pois dirige as suas cartas aos santos, membros de várias igrejas. (Ver I Cor. 1:2; Ef. 1:1; Rom. 1:7; II Cor. 1:1; Fil. 1:1 e Col. 1:2).
Nosso Senhor Jesus Cristo, o grande Pastor das ovelhas, deu lugar de destaque às crianças no seu rebanho, quando disse a Pedro; “Apascenta os meus cordeiros” (João 21:15). Na sua conversa com Pedro, Jesus mandou que as suas ovelhas fossem pastoreadas e apascentadas, mas mencionou em primeiro lugar os cordeiros. O rebanho de Cristo é a sua Igreja, na qual se encontram tanto cordeirinhos como ovelhas.
Pergunta n.° 9 — Criancinhas inconscientes, sem fé em Jesus Cristo, podem ser regeneradas?
Disse Jesus a respeito das criancinhas que foram trazidas; “Deixai vir a mim os meninos, não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Aquele que não receber o reino de Deus como menino, de modo algum entrará nele. E tornando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou” (Marcos 10: 13-16). Sendo dos tais o reino de Deus, já haviam nascido de novo, pois, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (João 3:3). Dizer que as crianças haviam nascido de novo é o mesmo que afirmar a sua regeneração.
João Batista foi um regenerado desde a sua mais tenra infância, pois a Escritura declara que estava cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lucas 1:15). Samuel e outros meninos foram chamados por Deus antes do seu nascimento (Ver I Sam. 1:11, 17, 27, 28; Jer. 1:5 e Is. 49:1, 5). Ainda mais, todos os remidos do Senhor foram por Deus escolhidos antes da fundação do mundo para serem santos e foram predestinados para serem adotados como filhos (Ef. 1:4,5).
Os próprios adversários do batismo infantil admitem ser regeneradas e salvas as crianças que morrem na infância.
Se as crianças inconscientes podem ser regeneradas também podem ser batizadas, sendo o batismo apenas o símbolo ou sinal exterior da sua regeneração.
Pergunta n.° 10 — Qual é o critério a ser adotado na escolha das crianças que devem ser batizadas?
Devem ser batizadas somente as crianças que forem julgadas regeneradas. Os filhos de pais crentes, presumivelmente, isto é, provavelmente, são regenerados, em virtude das promessas que lhes foram feitas por Deus (Gen. 17:7; Is. 59:20,21; Atos 2:39 e Atos 3:25,26). Por isso os filhos de crentes professos devem ser batizados. Somente a infidelidade ou apostasia por parte dos pais poderia anular esse direito dos filhos de pertencer à Igreja visível de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pergunta n.° 11 — Pode-se provar que a circuncisão foi substituída na Nova Dispensação pelo batismo cristão?
Isso se evidencia pelo fato de Paulo denominar o batismo cristão de “circuncisão de Cristo” (Col. 2:11 e 12). Ademais, essa substituição é patente, porque esses ritos têm significação idêntica, visto representarem a mesma transformação radical do coração à qual damos o nome de novo nascimento ou regeneração (Rom. 2:28,29; Atos 22:16 e Tito 3:5). Além disso as duas cerimônias são ritos de admissão na Igreja de Deus (Gen. 17 e Atos 2:41).
Pergunta n.° 12 — Qual foi à prática da Igreja apostólica relativamente ao batismo de crianças?
Famílias inteiras foram batizadas. Encontramos no Novo Testamento cinco casos de batismos de famílias: (1) Cornélio com todos de sua casa (Atos 11:14 e 10:48); (2) Lidia e sua casa (Atos 16:15); (3) O carcereiro de Filipos com todos os seus (Atos 16:31-33); (4) A família de Estéfanas (1 Cor. 1:16) e (5) Crispo e sua família (Atos 18:8). As famílias dos judeus eram grandes e seria uma anormalidade se não houvesse crianças pequenas nessas cinco famílias.
Em outros casos de batismos de indivíduos, não consta que estes tivessem famílias. No caso de Paulo, por exem¬plo, não sabemos se tinha filhos, mas o certo é que não havia nenhum membro de sua família presente, quando foi batizado.
Há quem afirme que na família de Crispo não podia haver crianças pequenas, porque Lucas declara que ele creu no Senhor com toda a sua casa, mas essa expressão não exclui crianças pequeninas. E por quê? Ainda hoje referimo-nos a famílias crentes em que há crianças pequenas. Dizer que todos crêem em certa casa significa que a família toda, como a unidade que é, abraça o evangelho e os filhos grandes e pequenos acompanham os pais. A família toda torna-se crente, embora haja nela criancinhas pequeninas, as criancinhas são representadas pelos pais e tanto elas como os pais são considerados crentes, no sentido lato desse termo, como ainda é usual em nossos dias.
Há um caso no Novo Testamento em que o chefe da casa creu, ele e toda a sua casa (João 4:53), e, no entanto, sabemos que nessa casa havia pelo menos uma criança pequena. Trata-se de um filho, de um oficial do rei, curado por Jesus. O pai refere-se ao filho, no versículo 49 do capítulo 4 de João, empregando o termo grego paidion, diminutivo que significa criancinha. Havia, portanto, nessa família que creu uma criancinha. Já se vê que a crença de toda família não exclui a presença nela de uma criancinha incapaz de fé pessoal. O mesmo poderia muito bem ter acontecido no caso de Crispo e de sua família (Atos 18:8). Não está excluída a possibilidade da presença de crianças pequenas na família de Crispo.
Pergunta n.° 13 — Haverá evidências históricas, fora do Novo Testamento, de batismos de crianças na era apostólica?
Sim, encontramos essas evidências nos escritos de eminentes cristãos da Igreja primitiva, como sejam Irineu, Justino Mártir, Orígenes e Cipriano.
Justino Mártir, escrevendo cerca do ano 150, faz menção de pessoas do seu conhecimento, de sessenta e setenta anos de idade, que haviam sido batizadas na infância. Esses batismos de crianças foram realizados antes do ano 100 e, portanto, dentro da era apostólica.
Escrevendo cerca do ano 185, Irineu, no seu “Segun¬do Livro Contra Heresias”, alude ao batismo de “infantes, crianças, jovens e pessoas idosas”. O seu testemunho é especialmente valioso, porque aprendeu diretamente de Policarpo que, por sua vez, fora discípulo de João. O seu testemunho tem, portanto, ligação com o ensino do apóstolo João.
O grande sábio cristão Orígenes, cerca dos anos 230 a 240, refere-se ao batismo de crianças como uma tradição ou ordem apostólica. Diz ele, no seu comentário sobre a Carta de Paulo aos Romanos: “Foi por esta razão que a Igreja tinha dos apóstolos a tradição (ou ordem) para administrar o batismo às criancinhas. Porque aqueles a quem foram confiados os mistérios divinos sabiam que existe em todas as pessoas a contaminação natural do pecado que deve ser apagada pela água e pelo Espírito”.
Orígenes conhecia bem a história da Igreja, era filho de pai crente que foi martirizado e tinha conhecimento dos fatos, quando deu o seu testemunho a respeito do batismo cristão nos tempos apostólicos.
De que o batismo de crianças era costume geralmente adotado na Igreja primtiva encontramos mais uma prova no Concilio de Cartago, do ano 252, isto é uns 150 anos depois da época apostólica. Esse concilio se compunha de sessenta e seis bispos, os pastores do Norte da África, e foi presidido por Cipriano, o mártir. Um pastor da região rural, por nome Fido, fez ao concilio uma consulta, isto é, se uma criança podia ser batizada antes do oitavo dia após o seu nascimento. Parece que era costume batizar as crianças ao oitavo dia, adotando assim o prazo marcado para a circuncisão dos meninos. O concilio não pôs em dúvida o direito apostólico ou bíblico de batizar crianças, mas antes decidiu, por unanimidade, que as crianças po¬diam ser batizadas antes do oitavo dia.
Se o batismo de crianças tivesse sido uma inovação como querem alguns antipedobatistas, não seria provável que sessenta e seis bispos reunidos em concilio aprovassem essa novidade, sem se fazer ouvir nenhuma voz de protesto.
Em vista dos testemunhos históricos apresentados, é forçoso admitir que as criancinhas eram batizadas na Igreja apostólica.
Pergunta n.° 14 — Quais são as conclusões que se justificam pelo ensino bíblico sobre o batismo de crianças?
Conclui-se que pais crentes devem apresentar os filhos perante a Igreja para serem batizados, pelos motivos já expostos: primeiro, porque Deus determinou que os filhos de cristãos fossem recebidos como membros da sua Igreja visível e segundo, porque as promessas de Deus a pais crentes indicam que seus filhos são remidos por Cristo e chamados para fazer parte do seu reino que é o Corpo de Cristo, a sua Igreja invisível.
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