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segunda-feira, 23 de março de 2009

POR QUE SOU PRESBITERIANO? (1ª PARTE - POR SUAS MARCAS)



POR QUE SOU PRESBITERIANO?

A resposta sumária a essa pergunta seria: porque sou membro comungante de uma Igreja Presbiteriana. Ou, falando um pouco mais: porque a pregação e o sistema de doutrinas da Igreja Presbiteriana satisfazem anseios da minha alma.
Efetivamente, na Igreja Presbiteriana, sinto-me edificado para a vida presente e tranqüilo quanto à vida futura. Nela aprendo bem a conviver com os homens na comunidade terrena. Aprendo, ainda, a disciplinar meus pensamentos e minhas ações a tal ponto, que deixo de ser um elemento nocivo à sociedade em que vivo como cidadão.
Essas, as respostas verdadeiras, na mais resumida expressão.
Mas, bastará isso para todo mundo? Isso convencerá a quem me perguntar, se estou em caminho certo? Pode convencer. Sem esclarecer.
Como, talvez, seja pouco, parece que seria aconselhável acrescentar mais alguns motivos e dizer (muitíssimo abreviadamente) o porquê desses motivos. Talvez haja outros presbiterianos que gostem de saber como é bom pertencer a este ramo da árvore evangélica.
Sem dúvida, a muitas pessoas que vivem em fé a primeiríssima resposta acima, basta para sua crença. Há muita gente que não gosta de investigar. Muitos se acomodam com o primário. Um certo número costuma pedir umas poucas explicações do que é isso, do que é aquilo. Entretanto, os ensinamentos do Mestre e as determinações das Escrituras Sagradas mandam que estudemos. Veja-se: Mt 22.29, Jo 5.39, Hb 6.1 etc. Estudar para aprender, para aperfeiçoar nosso culto a fim de torná-lo racional, evoluído e feito com um entendimento revitalizado (Rm 12.2).
Todo ser vivo nasce, cresce e morre. Isso é normal. A vida espiritual segue a mesma regra. S. Paulo fala em bebês espirituais em I Co 3.1,2. Temos de crescer e amadurecer. Estabilizar e consolidar nossas convicções de tal forma que possamos resistir àqueles inimigos que buscam abafar a plantinha de Lc 8.14.
O crescimento e o aprimoramento da fé levam o crente às fronteiras do mistério e da revelação. Esses dois elementos são da economia do próprio Deus. Deus os usa conforme o Seu santo propósito. Os homens que se dedicaram ao estudo de tais assuntos e penetraram fundo nesta área, tornaram­se gigantes do cristianismo. Tais foram Santo Agostinho, João Calvino, João Knox, João Wesley, entre outros. Eles foram condutores de homens aos pés de Jesus Cristo. Foram inspiradores de heróis missionários em terras estrangeiras como Ashbel G. Simonton, John Paton, Sadu Sundar Singh, Toyohiko Kágawa, Stanley Jones e muitos outros.
É pensando na necessidade de crescermos no conhecimento da razão daquilo em que cremos, que achei por bem tentar responder à pergunta: “Por que sou Presbiteriano?”
Preliminarmente, estou no dever de declarar que não é norma presbiteriana fazer propaganda denominacional. Sua tarefa tem sido divulgar as verdades salvadoras aqui, ali, acolá. Obra pioneira. E só. Podemos citar numerosos fatos que provam que sua política tem sido pregar “a Cristo Crucificado, que é escândalo. .. e loucura...” (I Co 1.23). Assim tem procedido o presbiterianismo, até, quando perseguido.
Entretanto, mesmo com essa política, há peculiaridades presbiterianas que convém sejam conhecidas, porque caracterizam uma denominação evangélica respeitada. E essas peculiaridades, quando conhecidas, edificam sem promover polêmica. Nunca fomos achados contestando outras denominações.
E, agora, “Por que sou Presbiteriano?"

I – POR SUAS MARCAS

Marcas são impressões gravadas, sinais distintivos, que isto produz naquilo. De onde, as marcas do Presbiterianismo são os traços característicos que não o deixam confundir­se com outro sistema doutrinário.
E difícil deixar de reconhecer a influência que essas marcas têm exercido. Elas são diversas, mas, as três seguintes são as de maior Significado:
1ª — O sacerdócio universal dos crentes,
2ª ― A paridade presbiterial, e
3ª — A unidade da igreja.

SACERDÓCIO UNIVERSAL

Deus instituiu o sacerdócio para representar o povo diante d’Ele. O sacerdote se punha diante de Deus como sendo o povo e oferecia os sacrifícios que o povo levava (Lv 4.5,6).
Da Criação até Moisés o sacerdote era escolhido do meio do povo. De Moisés até Jesus Cristo ficou sendo obrigação de uma família, a dos Levitas (Nm 3.6,7). Entre os levitas havia uma hierarquia, uma ordem e subordinação. Assim ainda é até hoje entre os judeus. O sacerdote era um antetipo de Cristo, isto é, um modelo do que Cristo viria a ser mais tarde, uma idéia d'Ele.
Com Cristo encarnado, tomando a forma humana, estava terminada a função do sacerdote. Ele foi um sacerdote segundo a Ordem chamada “de Melquizédeque". E, foi, também, a vítima que o sacerdote oferecia. Sendo as duas coisas. Ele consumou a obra da Redenção. A Ordem a que Ele pertenceu chama­se “Sacerdócio Universal de Melquizédeque”. Foi fundada por Melquizédeque, rei de Salém, que era sacerdote do Altíssimo (Gn 4.18). Sem história, sem linhagem, sem preconceito, era, todavia, justo e fiel. Abraão pagou-lhe dízimos (Hb 7.6), gesto, com o qual, submeteu o seu patriarcado a Melquizédeque. Esse rei-sacerdote era tipo de Cristo (Hb 5 a 7), também; não era da tribo sacerdotal; era da tribo de Judá.
Os sacerdotes, segundo a Lei de Moisés, eram •homens consagrados para ensinar e pregar ao povo. Por analogia, todos os que crêem em Cristo também o são. Cada crente é um sacerdote da Ordem de Melquizédeque, dedicado à obra da reconciliação do homem com Deus onde ele estiver. Essa é a doutrina do Sacerdócio Universal dos Crentes.
Vem daí o acentuado zelo pela evangelização, tão do gosto dos presbiterianos.

PARIDADE PRESBITERAL

Marca de natureza administrativa, a Paridade Presbiteral é, também, de fundo doutrinário. Se cremos que Deus criou o presbiterato e incorporou os presbíteros em um órgão destinado a governar o povo (Nm 11.17) não vemos como criar desnível onde Deus não o estabeleceu. Hierarquia dentro do presbiterato não tem fundamento bíblico.
Com esse princípio, o regime presbiteriano não forma ambiente propício aos destaques pessoais quanto a ofícios.
A igreja é administrada por duas espécies de presbíteros: o docente e o regente. O lugar de docente pode ser ocupado por designação de um Concílio em certos casos. Nos demais, todos são ocupados por eleição em assembléia dos fiéis.
Há duas Ordens vitalícias na Igreja Presbiterianas a dos Presbíteros e a dos Diáconos. Segundo determinam as Escrituras (At 6.1-6) ao diácono competem às questões temporais da comunidade. Ao presbítero: “o ministério da oração e da palavra”, em geral.
A bem da ordem (l Co 6.1-6) o ofício de presbítero foi dividido em duas categorias: a de docência e a de regência. O ministro é presbítero docente; o presbítero, propriamente dito, é regente, é o leigo. Ao ministro compete, entre outros deveres espirituais, ensinar oficiar sacramentos e invocar a bênção apostólica. São funções privativas dele.
Em tudo mais, os dois presbíteros estão no mesmo nível. Ambos são ordenados por imposição das mãos de outros presbíteros. Examinam candidatos à profissão de fé, ao estudo para o ministério e à ordenação ao ministério. Têm direitos iguais nos concílios, em comissões, em órgãos eclesiásticos e de voto.
J. N. Ogilvie, um grande ministro escocês, diz: “O Presbiterianismo, mais do que qualquer outro sistema existente, tem conservado as formas principais da igreja Cristã Primitiva”.

UNIDADE DA IGREJA

Cada igreja local presbiteriana busca reproduzir a que Jesus Cristo instituiu e por Ele mencionada em Mt 18.17. É uma unidade na sua plenitude, porque nela se encontram os sinais de toda uma Igreja nacional. Na estrutura, na legislação, no culto, na prática, na disciplina, na simplicidade, cada uma é igual à outra e às outras. É bem verdade que a cizânia pode penetrar na igreja e “algumas têm degenerado” e têm se tornado “sinagogas de Satanás” (Confissão de Fé cap. XXV, item V). Mas, essas são as exceções.
Esses núcleos locais associam-se para efeitos administrativos e obediência às leis do país. Formam­se, assim, os concílios. Nos concílios as igrejas ficam interdependentes, debaixo da lei. Era assim na Igreja Judaica.
O exercício de fé e dos direitos individuais é o mesmo na parte como no todo. Isso, em cada país e na Aliança Mundial, em que pesem diferenças sem maior profundidade.
A unidade da Igreja Presbiteriana é bíblica e histórica. Unidade de Fé e de Ordem. A consagração feita num local tem validade mundial. E o modelo da Igreja Cristã Primitiva.
Como o Presbiterianismo não tem hierarquia, ele só reconhece o escalonamento administrativo dos concílios. Mesmo este é adotado por uma questão de extensão territorial, de boa marcha dos trabalhos e para atender a tempo ao volume dos serviços. A linha mestra do comportamento dos concílios é a mesma. Pelos descaminhos e incompreensões, que sempre há, respondem os homens; não a instituição.
A assembléia dos fiéis, reunida em cada igreja local, tem todos os poderes fundamentais; sujeitos, evidentemente, a reexame pelos concílios, na melhor forma de direito. No núcleo local, a congregação, a Igreja, tem assento cada membro regular, sem distinção, e em dia com os seus compromissos para com a entidade.
Até na construção dos templos há certa unidade em todo o mundo. Prevalece a idéia de que o templo deve oferecer um ambiente adequado à comunicação do crente com Deus. É certo que o Presbiterianismo tem, em elevado grau, o gosto artístico. Há prova disso em grandes monumentos presbiterianos existentes no mundo, tais como os de Edimburgo, na Escócia, na Inglaterra, nos Estados Unidos de América do Norte, na Suíça etc. Entretanto, a simplicidade do templo é a predominante. Nada de aparato. Um salão, com um estrado ao fundo, onde se ergue o púlpito. Aí é o local da Palavra de Deus, o centro do culto. Da Igreja de João Calvino dizia-se: “quatro paredes e um sermão”. É o culto do ouvir (Rm 10.17). O Presbiterianismo não tem altar em seus templos.

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