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segunda-feira, 23 de março de 2009

POR QUE SOU PRESBITERIANO? (8ª PARTE - OUTROS MOTIVOS)


POR QUE SOU PRESBITERIANO?

VIII – OUTROS MOTIVOS


Esses são os motivos principais pelos quais tenho prazer em ser presbiteriano. Sem dúvida, minha maior satisfação é ser, antes de tudo, cristão. E até para isso os motivos apresentados servem como eficientes complementos.

Há outros que, respeitosamente, diríamos, secundários, assim como ainda há outras doutrinas não focalizadas aqui. São secundários, mas são complementares. Vejamo­los.

a) Comunhão

O ministro credenciado consagra o pão e o vinho na chamada Mesa Consistorial. A mesa fica à frente da congregação, situada no local tradicionalmente chamado de “presbitério”. É o local à frente da nave (salão), junto ao púlpito. Ali, geralmente, há um estrado. Não temos altar.

No dia de comunhão o ministro convida os presbíteros regentes para que tomem assento ao seu lado no presbitério, junto à mesa. Em seguida, consagra os elementos (pão e vinho). Antigamente, o pão ia inteiro e, enquanto proferia as palavras textuais que Jesus Cristo pronunciou conforme Mt 26.26, 27, Mc 14.22, 23. Lc 19,19, 20, o oficiante ia partindo o pão que seria servido aos comungantes. Em seguida, os presbíteros regentes levam os elementos aos fiéis em seus lugares. Aí, cada um os recebe e passa ao vizinho até o final da carreira de assentos. Por muito tempo, todos bebiam de um só cálice.

Talvez muitas pessoas ignorem que esse sistema — instituído por Ulrich Zwinglio (1484 a 1531) em Zurique, na Suíça — tinha dois sentidos. O primeiro era o da repetição do que o Senhor fizera e os apóstolos continuaram fazendo na igreja Cristã primitiva (I Co 11.23 a 29]. E, segundo, para ensinar um principio fundamental da democracia presbiteriana: o de dar antes de receber. O presbítero dá ao comungante e esse a outro comungante.

A postura dos comungantes foi discutida ao tempo de João Knox, na Escócia. Predominou a opinião de que se deveria tomá-la assentado para não parecer que, ajoelhado, se estivesse adorando os elementos da Comunhão, como acontece no Catolicismo. Certo autor diz que o Concílio de Nicéia, em 325, já havia proibido a comunhão do fiel ajoelhado.

A mesa da comunhão presbiteriana é aberta a todos os crentes em situação regular com as igrejas a que pertencerem. Essa abertura é anunciada em cada celebração da Santa Ceia do Senhor, com o ministro oficiante declarando-o perante a congregação como uma parte do ritual.

b) Batismo

No sistema presbiteriano o batismo é feito por efusão ou aspersão de água (item III do Cap. XVIII da Confissão de Fé).

Batizam-se os menores, filhos dos membros da igreja Presbiteriana e aqueles que estiverem sob sua guarda e responsabilidade. Não se batizam quaisquer menores. Só os mencionados, que se tornam, pelo ritual assim feito, herdeiros das promessas e participantes da Igreja Visível.

Assim se procede em obediência a Gn 17.7,9; Gl 1.3,9, 14; Rm 4.11, 12; At 2.32, 39; 9.18, entre muitas passagens sobre o assunto existentes nas Escrituras Sagradas.
c) Sacramentos

De acordo com a opinião de teólogos presbiterianos, a celebração de sacramentos e inferior à fé. É inferior até ao testemunho. A salvação é pela Graça (Ef 2.8). A condição única é a Graça que gera a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 3.16; Lc 23.43).

Qualquer obstáculo seria uma restrição à salvação pela Graça. E salvar-se-ia o ladrão na Cruz, que só podia contar com a Graça? Por certo que sim.

Os Quakers não celebram sacramentos em suas igrejas e constituem um grupo religioso digno do maior respeito em todo o mundo. Se bem que sua seita não tenha prosperado por outros motivos, não é a ausência do sacramento o que os prejudica, porque seu caráter continua sendo um modelo do ideal cristão. Os Batistas não têm nenhum sacramento. Também o Exército da Salvação — mundialmente afamado como piedoso e benfazejo — não tem sacramentos. O salvacionista William Metcalf diz que valem mais os momentos de comunhão com Deus do que as horas de Cerimônias de oração.

Para o Presbiterianismo, os sacramentos são “santos sinais” e “selos do pacto da graça”. A graça que eles transmitem, “quando usados apropriadamente (Confissão de Fé) não significa poder que haja nos elementos ou no ministrante.

O valor do sacramento mede-se conjuntamente com outros frutos da vida cristã e de obediência à Palavra de Deus. Sobre isso a Palavra de Deus está repleta de ensinamento.

Cada igreja Presbiteriana local decide sobre a quantidade e oportunidade da celebração de sacramentos. É livre. Não se faz por determinação de autoridade.

Sobre a participação da Comunhão, o Presbiterianismo recomenda — e isso é amplamente anunciado — que, conforme adverte S. Paulo, “cada um examine-se a si mesmo e coma”. Quer dizer que a advertência não é feita no sentido de um afastamento habitual da Mesa do Senhor, a não ser por motivos ponderáveis. Mas, é critério individual.

d) Ministros

Os presbíteros docentes são tratados com reverência. É que se leva em conta a posição de ancião na comunidade, ainda que não o seja na idade.

Procura-se sustentá-los condignamente, de conformidade com os recursos da congregação. Não é do sistema Presbiteriano a chamada “Caixa Regional”. Em alguns casos torna-se necessário o auxílio regional (dos Presbitérios) para completar os honorários dos ministros. É o que acontece em congregações compostas de poucos elementos ou de indivíduos financeiramente menos dotados. Mas, não é esse o hábito institucional.

Esforça-se O Presbiterianismo em tudo para proceder em obediência ao que recomenda o apóstolo em I Ts 5.12, 13.

e) Relações
Não se repetem ritos evangélicos no Presbiterianismo. Aceitam-se todos os atos regularmente praticados pelas igrejas irmãs, inclusive o da ordenação de ministros. Dizemos “Amém” com fervor e sinceridade às orações de todas as igrejas evangélicas.

Os presbiterianos cooperam em todo sentido com o evangelismo mundial. Contribuem indiscriminadamente para todas as boas causas. Dizia o eminente Dwight L. Moody, pastor batista, que sempre que precisava de cem mil dólares para algum empreendimento religioso confiava alcançar oitenta mil com os presbiterianos (E. Watson Smith). Têm a mesma opinião movimentos tais como a Associação Cristã de Moços, a Cruz Vermelha internacional, o Exército da Salvação e outras instituições congêneres.

Geralmente as igrejas presbiterianas não arrolam membros de outras denominações evangélicas sem que eles o peçam por escrito. Cada caso é examinado à parte, com muito cuidado; e tem sido hábito comunicá-lo a igreja, de onde veio o transferido, que ele foi arrolado e porquê.

f) Clericalismo

A paridade entre os presbíteros docente e regente impede o florescimento do clericalismo na Igreja Presbiteriana.

O presbítero regente acata a autoridade do presbítero docente na sua função inata de presidente do concílio local (Conselho, Sessão). Reverencia­lhe os poderes na parte sacramental, conforme a Palavra de Deus. Sabe que é seu ajudante e sabe que só ombreia com ele em questões de direito e administrativas.

O presbítero docente respeita o regente como uma personalidade de peso político e governamental igual na comunidade. Honra-o como homem experiente e que — tendo as qualificações bíblicas — deve ser pessoa digna no rebanho (l Tm 5.17).

Os ocupantes dos dois ofícios, agindo com mútua compreensão, podem bem apascentar os rebanhos do Senhor (l Pe 5.1 ­3).

A entidade em que ambos se assentarem nessas condições prosperará. Onde houver a paridade dos dois, o presbiterianismo estará genuinamente representado. Onde se der o contrário o sistema estará distorcido.

g) Continuidade

O sistema presbiteriano tem resistido à ação dos séculos. É que sua missão corresponde a necessidades perpétuas.

Há nações e povos que têm missão histórica em relação aos demais. Outros vivem isoladamente. Assim são, também, movimentos e sistemas de pensamentos.

O Presbiterianismo tem executado um papel relevante nos últimos quatro séculos na história do mundo. Principalmente, na formação das sociedades democráticas. Concomitantemente, em vários setores da formação humana: social, intelectual, moral etc.

É uma obra continuada, com poucas e quase imponderáveis modificações no tempo. E vem trabalhando sem alarde, sem repique de sinos.

O presbiterato, como ofício instituído por Deus, só teria que resistir.

Jerônimo afirma categoricamente que ao bispo foi dada supremacia “para eliminar dissensões”. Ele reconhecia que os ofícios eram iguais e só achou motivos administrativos para que um subordinasse o outro. Eliminaram-se as dissensões por algum tempo e em, certos meios. Mas, em se tratando de uma doutrina, foi impossível destruir o presbiterato. O tempo incumbiu-se de lhe tirar o pó quando se tornou oportuno. E, com que vigor foi restaurado o presbiterato!

h) Congraçamento

As igrejas Presbiterianas, como dissemos, são organizadas em bases nacionais. Bases administrativas, já se vê. Porque, doutrinariamente, O sistema é mundial.

No dia 3 de julho de 1877, na Catedral de S. Giles, em Edimburgo, na Escócia, reuniu-se o Primeiro Congresso Mundial Ecumênico Presbiteriano. “Ecumênico” no sentido etimológico; do grego “oikomenikós”, querendo dizer: universal.

Desde então, de quatro em quatro anos, o mundo presbiteriano reúne-se em algum lugar no mundo. E trocam experiências, planos e relatórios. Em 1959 esteve reunido no Brasil (em São Paulo), para homenagear a Igreja nacional que comemorava então o seu primeiro Centenário.

O ideal nessas reuniões é o do Congraçamento dos povos, através do sentido espiritual de Fé e Ordem. Não há preocupação numérica, que isso para Deus não tem valor.

IX – TERMINANDO:

Haverá nestas respostas à pergunta “Por que sou presbiteriano?” algo de injusto ou pretensioso? Algo que possa ferir convicções alheias?

Se houver, antes de mais nada, um pedido sincero de perdão. Esse não foi o nosso objetivo. Só pensávamos em presbiterianismo.

Escrevemos o que se contém para os presbiterianos. Para dar a conhecer aos poucos que os ignorarem os motivos que têm para se sentirem satisfeitos dentro deste ramo da igreja evangélica mundial. Não apontamos defeitos no sistema, porque não os vimos.

Afinal, na parte humana, qual a organização que não padece de algum defeito? Por exemplo: o calvinismo (e por extensão o presbiterianismo) é acusado de promover o capitalismo. A defesa seria prolongada. Sem querer fazê-lo, perguntaríamos somente: será razoável essa acusação a um sistema religioso? Parece que não. O que poderíamos afirmar é que, valorizando o homem, o Presbiterianismo valoriza o que é seu, a sua propriedade. Logo, ele a admite e a respeita como justa, se adquirida honestamente.

A Igreja Presbiteriana não prega a usura, não estimula o amealhar, ajuntar dinheiro. Ao contrário. Conforme dissemos, é liberal no arrecadar e no dar ofertas até para estranhos ao seu meio. A igreja não mantém estabelecimentos lucrativos no mundo. Nossas igrejas não são notadas como proprietárias de imóveis ou de instituições para renda. Se há algum povo sofrendo a influência do poder econômico é melhor procurar a causa em outra origem; por certo achá-la-á fora do Presbiterianismo.

Um comentário:

Magdiel Evaldt disse...

Me criei na Assembleia de Deus(raiz) mas ingressarei na IPB, depois de meio ano participando da classe dos catecúmenos e cultos, por conta da exposição bíblica e doutrina. Igreja cristocêntrica.