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domingo, 7 de dezembro de 2008
“OS GRANDES INIMIGOS DO CASAMENTO” – Salmo 127
I – INFIDELIDADE: Assunto tão sério, tão delicado, que em Mt.5:32 Jesus abre uma exceção para o divórcio, declarando que o adultério é motivo suficiente para acabar com um casamento. A menos que a parte ofendida seja capaz de oferecer perdão, e a parte infiel se arrependa de verdade, aquilo que Deus abomina, que é a separação, torna-se solução legal para pôr fim a algo ainda mais abominável a seus olhos, que é o adultério, a infidelidade.
A infidelidade é detestável em ambos os sexos. O problema é que a sociedade tende a ser extremamente machista. Um homem adultera, e as pessoas dizem: “Coitado, deixou-se levar pela tentação, caiu numa fraqueza”. Mas, se acaso é a mulher quem adultera, o comentário já é bem diferente: “É uma vagabunda, uma sem vergonha, uma prostituta!”- e a desqualificamos. O homem adultera e se espera, quase exigindo que a mulher seja indulgente, misericordiosa, compreensiva. Se é ela quem comete o deslize, o conselho que se dá ao marido é que a expulse de casa, porque ela não presta, não merece perdão. O estigma do adultério sobre a figura da mulher numa sociedade facciosa, apaixonada, parcialista, é terrível. Do ponto de vista de Deus, a infidelidade é abominável tanto para ele como para ela.
II – MENTIRA: Mesmo aquelas que começam pequenas: “Ah! É um mentirinha à toa, só para não ficar aborrecido...”. Cuidado com as mentiras! Elas sempre vêm do diabo, tenham o tamanho que tiverem. A mentira, além disso, desemboca fatalmente na desconfiança, e o cônjuge que descobre que a outra parte mente torna-se um eterno desconfiado.
III – CIÚMES: Este sentimento, quando exacerbado (agravado), levado ao exagero, mina qualquer relacionamento, destrói o amor. Que não se confunda ciúme com zelo. O ciúme representa falta de confiança profunda – não apenas no outro, mas creio que acima de tudo em si próprio. Se alguém – e isto sem qualquer vanglória – se julga à altura do alheio e luta por manter o nível, contribuindo para que o respeito e a admiração prossigam para o alto, então não tem o que temer. E se a confiança for turbada, quebrada, o responsável pela ruptura é que deverá sofrer as conseqüências.
Se me sinto digno do amor, do carinho de alguém, por que viver em fogo, sempre temerosos, sempre duvidando, apreensivo, inquieto? Um certo ciúme, espontâneo, comedido, que mais significa zelo, cuidado, que outra coisa, é até perdoável e natural.
Este sentimento assim domado, tranqüilo, racional, pode até impedir que o outro destelhe o lar, a família, facilite brechas, entradas indevidas. Contudo, entre essa preocupação necessário e justificável e um temor irracional – o ciúme caudaloso, doentio, quem sabe mascarado de outros tantos nomes – há uma distância enorme, sim, tem que ser combatido com zelo, e desde a mais tenra idade, pois é joio, produto de um sentimento pertinaz, que cria um raizame difícil de arrancar.
IV – AMARGURAS: São aquelas mágoas guardadas, aquelas queixas sem fim, aquelas reclamações que não cessam nunca. Provérbios tem muito a dizer acerca disso. Pv.21:19 diz: “É melhor morar numa terra seca e deserta do que numa boa casa com uma mulher briguenta e implicante”. Pv.27:15,16 faz uma grande analogia: “Aquele pinga-pinga constante que acontece quando chove e a mulher briguenta e implicante são muito parecidos”. Pv.25:24 afirma: “É melhor morar sozinho num quarto de pensão, do que numa bela casa, com uma mulher briguenta e implicante.”
Pv.19:13 acentua: “Um filho rebelde e tolo é a maior tristeza para um pai; para um marido, a esposa que vive discutindo. Isso incomoda como uma torneira pingando o dia inteiro”. Parece que Salomão tinha experiência abundante nesta área. Precisamos tomar cuidado com esse “pinga-pinga”, esse gotejar contínuo, com as amarguras e murmurações que destróem o relacionamento conjugal.
V – FALTA DE TEMPO: Refiro-me àquele tempo fundamental, imprescindível, que os cônjuges devem dedicar um ao outro. O comum, porém, são os maridos ativistas, consumistas; as mulheres superocupadas; os recém-casados trabalhando o dia inteiro ou estudando à noite, encontrando-se às tantas para se dar um boa noite na hora de dormir, um bom dia na hora de acordar, com mil coisas atrasadas que vão se superficializando, esfriando, se afastando. Chega um dia em que tantas foram as horas consumidas separados, que já não há mais diálogo possível. Seus balões sumiram em mudos distantes.
VI – PERDA DO ESPÍRITO ROMÂNTICO: No tempo do namoro, naquelas noites de luar, a moça romântica comentava: “como a noite está linda, a lua brilhante!” E o namorado diz: “Minha querida, mais que a lua brilham os teus olhos. As tuas faces... Tu a encantas, tu a incandesces! Vê como ela foge do teu olhar!” Aí eles se casaram. Primeiro ano de casamento, vão eles andando pela rua, e ela pensa: “Faz uma ano que ele não me diz nada!” Lua cheia, e ela arrisca: “Querido, como a lua está linda....” E ele diz: “É... é mesmo...” Ela insiste: “Quem brilha mais que a lua, querido?” E ele responde: “Há três anos passados eu já disse a você, e não estou disposto a repetir”. Dez anos depois, novamente andando juntos, ela, suspirando fundo diante da lua cheia, diz para o marido: “Meu filho... a lua está cheia, olhe que linda!” Ele interrompe: “Mulher, não seja estúpida, olhe para baixo senão vai cair no buraco!” É lamentável que o espírito romântico dos primeiros tempos tenha que ceder lugar à frieza, indiferença, falta total de sensibilidade e imaginação. Zelem por esse espírito: Cuidado para não perderem esse espírito romântico com o cônjuge.
VII – EXCESSO DE INDEPENDÊNCIA OU DEPENDÊNCIA EXCESSIVA: Um espírito autônomo, inde-pendente pode ser muito benéfico na vida do casal e da família. Pode servir de exemplo, de chamariz a personalidades fracas, indecisas, inseguras.
O que não pode haver é exagero. Há pessoas superindependentes, que vão derrubando tudo que encon-tram pelo caminho, desinteressadas dos outros, envolvidas apenas em alcançar suas metas e objetivos. Os outros que se virem! Essas pessoas fazem apenas o que lhes “dá na telha”. Numa família é inadmissível. Sem diálogo, troca idéias, discussões, é impossível a convivência – não só pacífica, como construtiva. Por outro lado, cair no excesso de depend6encia é um erro terrível. O melhor é estar preparado para ser independente, para que, chegado o momento, possa carregar-se a si próprio, levar seu fardo, decidir sobre seu destino e inclinações. Ninguém é eterno.
Entre marido e mulher o ideal é a medida certa de autonomia e dependência. Somente pelo conhecimento mútuo, o respeito e o amor é que a medida justa desse equilíbrio será alcançada.
VIII – HÁBITO DE DISCUTIR: É terrível quando o casal adquire o hábito da discussão, Discutir, queixar-se, reclamar, murmurar é como uma gripe – alastra-se pela vida do casal. É como praga, como vício. E é um ví-cio que vai dominando sorrateiramente. No começo, as pessoas envolvidas estranham, tentam reagir, se incomodam. Daí a pouco estão respondendo irritadamente, revidando, mandado de volta a ofensa. Diz-se que “quando um não quer dois não brigam”. Isto tem muito de verdade. É importante , no entanto, não apenas não responder, fazer-se desentendido, mais ainda mais: fugir àquele encontro que certamente vai trazer uma agulhada, uma provocação; evitar confrontos desnecessários; meter-se na ostra sempre que pressentir uma briga, um desentendimento. Fugir, se necessário. Nem sempre escapara sorrateiramente significa acovardar-se; muitas vezes é sintoma de tato, prudência, sabedoria.
IX – INCAPACIDADE DE INTERFERIR NUM PROBLEMA ATRAVÉS DO PERDÃO: É sugestivo que em Mt.18, Jesus trate do assunto do perdão, e logo a seguir venha o ensino sobre a questão do divórcio. Na realidade Mateus pode até então não se ter apercebido da estratégica arrumação que faz dos temas: perdão e divórcio. Mas de fato o que acontece é isto mesmo: quem não aprende cedo a lição do perdão vai acabar tendo que enfrentar a questão do divórcio no casamento.
Sem perdão, relação nenhuma a dois sobrevive.
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