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terça-feira, 2 de dezembro de 2008
ELE FOI FERIDO
Feridas, de acordo com a definição de um cirurgião, são divisões das partes macias do corpo por força mecânica aplicada externamente. Estas feridas são classificadas por diferentes características. São elas: CONTUSÃO, LACERAÇÃO, PENETRAÇÃO, PERFURAÇÃO E INCISÃO. Na notável afirmação de Isaías, "Ele foi ferido" (Cap. 53:5), estão incluídos cada um destes cinco tipos de feridas, conforme observamos também pelo exame das escrituras concernentes aos sofrimentos de nosso Senhor Jesus Cristo.
1)- CONTUSÃO.
É produzida pelo ato de golpear com um objeto sem fio, tal como a "cana" mencionada em Mateus 27:30, e as "bofetadas" ou "punhadas" no cap. 26:67. Isso foi predito pelo profeta Miquéias no cap. 5:1: "... ferirão com a vara no queixo ao juiz de Israel...", e foi comprido perfeitamente conforme lemos nos evangelhos: "Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros os esbofeteavam" (Mt. 26:67); "E cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e batiam-lhe com ela na cabeça" (Mt.27:30); e ainda "...um dos criados que ali estavam deu uma bofetada em Jesus..." (Jo. 18:22).
2)- LACERAÇÃO.
A laceração é produzida por um instrumento que tem o efeito de rasgar ou romper a pele. A laceração dos tecidos da pele era o resultado dos açoites, um método de punição que os romanos usavam com tanta perícia nos dias em que o Senhor andou neste mundo. O instrumento usado para açoitar pelos romanos era uma espécie de chicote de várias cordas, ou correias de couro com pedaços de metal ou marfim presos às pontas. É fácil imaginar o tipo de dor e tortura que tal instrumento infringia. Este sofrimento é bem expressado nas palavras proféticas do salmista: "os lavradores araram sobre as minhas costas: compridos fizeram seus sulcos" (Sl. 129:3).
A tortura, a laceração, e a conseqüente perda de sangue, freqüentemente resultavam na morte da vítima. Entretanto, os açoites, ainda que parte dos sofrimentos do Senhor, não foram, contudo, a causa de sua morte. Mas tais açoites já haviam sido profetizados também pelo profeta Isaías no cap. 50:6: "as minhas costas dou aos que me ferem...", e esta profecia encontrou seu pleno cumprimento em Mateus 27:26, e em João 19:1, onde lemos: "Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou". Lembremo-nos de que foi sobre suas costas laceradas que Ele carregou a cruz, enquanto se dirigia ao lugar chamado, A Caveira.
3)- PENETRAÇÃO.
Este é um sofrimento causado por um instrumento de ponta aguda. O Senhor Jesus sofreu, também, este tipo de ferimento quando os homens ímpios em sua crueldade o coroaram com espinhos. Os espinhos de Jerusalém eram grandes o suficiente para penetrar até quatro polegadas, à medida que os soldados lhe batiam com a cana na cabeça (Mt. 27:29, 30; Jo. 19:2).
4)- PERFURAÇÃO.
Perfuração tem sua origem no latim que significa "traspassar" ou "furar através". Davi, no Salmo 22:16, também profetizou sobre este tipo de sofrimento ligado com o Messias: "...traspassaram-me as mãos e os pés". Os terríveis cravos de ferro atravessaram suas santas mãos e pés entre os ossos, separando-os, mas não quebrando-os. A crucificação não era praticada como punição capital entre os judeus, portanto, as palavras de Davi no Salmo 22 deveriam ter confundido o escritor, bem como os leitores. Entretanto, para Aquele que conhecia o fim antes do começo, o jugo dos romanos sobre os judeus na época do advento do Messias, e a agonizante morte por crucificação do Messias eram-lhe bem conhecidos. Sim, as palavras proféticas de Isaías 53:5 estavam sempre diante Dele: "...Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades...".
5)- INCISÃO.
A incisão nos é descrita como um corte produzido por uma lâmina afiada. Lemos em João 19:34, "contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água". Esta ferida foi-lhe causada após a Sua morte. O soldado romano queria certificar-se de que qualquer vestígio de vida que houvesse estaria, assim, definitivamente extinguido.
Como este ato não foi a causa de sua morte, pois Ele já havia morrido, contudo serviu para assegurar a todos os homens que sua morte havia efetivamente acontecido, servindo, também, para dar cumprimento à profecia que diz: "...e olharão para mim, a quem traspassaram..." (Zc. 12:10).
Daquela ferida tão grande que Tomé podia colocar nela a sua mão "...logo saiu sangue e água, e aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro" (Jo. 19:34,35). Esta visão despertou o interesse de João, e deve despertar o nosso também. O sangue fluiu do coração do Senhor, e a água fluiu do "pericárdio". O pericárdio é uma espécie de bolsa fechada que envolve o coração e é lubrificada por uma pequena quantidade de líquido de cerca de uma colher de chá para facilitar os movimentos do coração. Alguém poderia perguntar: como João poderia enxergar uma tão pequena quantidade de água? A resposta seria que, segundo a patologia médica, esta pequena quantidade de líquido aumenta em vinte e quatro vezes a sua medida quando a agonia da morte é prolongada. Assim sendo, aquele líquido é um eloqüente testemunho dos intensos sofrimentos de nosso Senhor na cruz.
E o que diremos do fato que, contrário à natureza, fluiu sangue de quem já estava morto? Não serve isso para mostrar que Ele na sua morte "venceu a morte", e "sua alma não viu a corrupção"?
Este último ferimento infringido no corpo santo do Senhor traz-nos, também, a maravilhosa proclamação de purificação e redenção. Isaías 1:6 apresenta Israel aos olhos de Deus totalmente enfermo: "desde a planta do pé até a cabeça não há nele cousa sã, senão feridas...". Da mesma forma o Senhor é visto na cruz quando tomou sobre si a iniqüidade de nós todos, como ferido da cabeça aos pés. "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades; e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido"
Que a contemplação destas feridas causadas no nosso Senhor Jesus Cristo na cruz possa atrair nossos corações a Ele em profundo amor, e que possamos como Tomé adorá-lo, e aclamá-lo como "Senhor meu e Deus meu"! (João 21:28).
(Texto extraído e traduzido da revista "Truth & Tidings" - Abril, 1982. pág. 100)
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