Amigos, abaixo publico parte de entrevista cedida à Enfoque Gospel a ser publicada em breve.
ENFOQUE – Como o senhor analisa hoje o cenário evangélico brasileiro?
Augustus: Vivemos um momento de grandes mudanças no cenário brasileiro evangélico, mudanças que começaram a ser gestadas quando as igrejas evangélicas em décadas passadas passaram a abandonar o referencial da Reforma protestante, o referencial da própria Escritura Sagrada, a Bíblia, e passaram a se entender como um movimento voltado para a satisfação das necessidades imediatas e materiais dos seus aderentes e a aferir o sucesso espiritual pela prosperidade material. As igrejas neopentecostais continuam a crescer e continuam a não ter rumo teológico algum, escandalizando cada vez mais a opinião pública, envergonhando os evangélicos com práticas e costumes bizarros e estranhos, e com escândalos que ganham a mídia e que revelam os intestinos dessas igrejas. Espanta-me o fato que a teologia da prosperidade continua crescendo apesar de tudo.
Mas, não é somente isso. Hoje, as igrejas evangélicas pentecostais tradicionais correm o risco de ser minadas pelo liberalismo teológico, através dos obreiros e pastores que vão buscar um diploma de teologia reconhecido pelo MEC em universidades públicas e seminários dominados pelo velho liberalismo teológico. Não há nada errado em almejar um diploma desses, mas é que as instituições credenciadas para emiti-los usam o chamado "método científico" para estudar a Bíblia, método esse que parte do pressuposto que ela é simplesmente um livro religioso e não a infalível Palavra de Deus.
As igrejas históricas continuam pequenas e sem muito poder de fogo no cenário nacional, embora sejam elas que estejam fornecendo os professores de seminários onde os demais evangélicos vão buscar diplomas reconhecidos. São elas, também, que estão na linha de frente provendo informações e estudos sobre as questões éticas que estão sendo debatidas hoje no Brasil, como, por exemplo, a lei da homofobia. Algumas dessas denominações tradicionais estão totalmente divididas internamente entre conservadores, pentecostais e liberais, que lutam por tomar o controle dessas denominações.
Em outras palavras, não vejo o atual cenário brasileiro evangélico com muito otimismo, embora recentemente tenham acontecido algumas coisas que sugerem que nem tudo está perdido. Uma denominação histórica que estava muito minada por pastores e professores de teologia liberais deu uma reviravolta e cortou toda e qualquer relação com organismos ecumênicos que envolvam o catolicismo. Para muitos foi um retrocesso, para mim, um avanço. Percebo igualmente um aumento do interesse de muitos, especialmente dos pentecostais, pela teologia reformada, pela teologia conservadora séria, erudita e pastoral, que traz um misto de profundidade e piedade. Cresce bastante o mercado de livros evangélicos com boa teologia e boa prática. Isso traz alguma esperança.
ENFOQUE: As igrejas históricas estão conseguindo sobreviver aos furos das neopentecostais?
Augustus: Em parte. Por um lado, o neopentecostalismo é tão obviamente antibíblico que a tarefa dos pastores e líderes das igrejas tradicionais fica mais fácil. Seria mais difícil se o neopentecostalismo fosse mais sutil, mais sofisticado. Mas, é um movimento de massas, levado avante no grito, na centralização do poder nas mãos de pseudo-bispos e apóstolos que manipulam as massas usando a Bíblia como pretexto para recolher milhões e milhões de reais. Não é difícil para qualquer pessoa um pouco mais esperta desconfiar do que realmente está acontecendo.
Por outro lado, o apelo que o neopentecostalismo faz à alma católica dos evangélicos é muito grande: objetos ungidos, relíquias, líderes apostólicos, prosperidades, milagres físicos – tudo herança do catolicismo na mentalidade brasileira. Mas, muitas igrejas tradicionais já estudaram o assunto e já tomaram posição sobre ele. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, tem veiculado cartas pastorais que instruem seus membros sobre o movimento G-12, as práticas da Universal do Reino de Deus, coreografia e dança litúrgica, para mencionar alguns. Isso ajuda os membros e pastores presbiterianos a ficarem firmes contra essas práticas.
ENFOQUE: Na sua opinião, qual será o futuro da Igreja Evangélica Brasileira?
Augustus: Como alguém já disse, “é muito difícil profetizar sobre o futuro”. O presente sugere que esse futuro não é róseo. O crescimento vertiginoso entre os evangélicos do pragmatismo, o relativismo, o liberalismo, a libertinagem, associado à desorganização e à fragmentação do movimento evangélico só pode pressagiar dias maus pela frente, a menos que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e intervenha de forma poderosa, como já fez várias vezes no passado.
O que mais me preocupa quanto ao futuro é que os evangélicos estão cada vez mais achando que os valores morais e doutrinários são relativos e cada vez mais abandonando o conceito de verdades absolutas e permanentes. Essa tendência é o resultado óbvio da influência do relativismo que permeia a cultura brasileira.
ENFOQUE – Como o senhor analisa hoje o cenário evangélico brasileiro?
Augustus: Vivemos um momento de grandes mudanças no cenário brasileiro evangélico, mudanças que começaram a ser gestadas quando as igrejas evangélicas em décadas passadas passaram a abandonar o referencial da Reforma protestante, o referencial da própria Escritura Sagrada, a Bíblia, e passaram a se entender como um movimento voltado para a satisfação das necessidades imediatas e materiais dos seus aderentes e a aferir o sucesso espiritual pela prosperidade material. As igrejas neopentecostais continuam a crescer e continuam a não ter rumo teológico algum, escandalizando cada vez mais a opinião pública, envergonhando os evangélicos com práticas e costumes bizarros e estranhos, e com escândalos que ganham a mídia e que revelam os intestinos dessas igrejas. Espanta-me o fato que a teologia da prosperidade continua crescendo apesar de tudo.
Mas, não é somente isso. Hoje, as igrejas evangélicas pentecostais tradicionais correm o risco de ser minadas pelo liberalismo teológico, através dos obreiros e pastores que vão buscar um diploma de teologia reconhecido pelo MEC em universidades públicas e seminários dominados pelo velho liberalismo teológico. Não há nada errado em almejar um diploma desses, mas é que as instituições credenciadas para emiti-los usam o chamado "método científico" para estudar a Bíblia, método esse que parte do pressuposto que ela é simplesmente um livro religioso e não a infalível Palavra de Deus.
As igrejas históricas continuam pequenas e sem muito poder de fogo no cenário nacional, embora sejam elas que estejam fornecendo os professores de seminários onde os demais evangélicos vão buscar diplomas reconhecidos. São elas, também, que estão na linha de frente provendo informações e estudos sobre as questões éticas que estão sendo debatidas hoje no Brasil, como, por exemplo, a lei da homofobia. Algumas dessas denominações tradicionais estão totalmente divididas internamente entre conservadores, pentecostais e liberais, que lutam por tomar o controle dessas denominações.
Em outras palavras, não vejo o atual cenário brasileiro evangélico com muito otimismo, embora recentemente tenham acontecido algumas coisas que sugerem que nem tudo está perdido. Uma denominação histórica que estava muito minada por pastores e professores de teologia liberais deu uma reviravolta e cortou toda e qualquer relação com organismos ecumênicos que envolvam o catolicismo. Para muitos foi um retrocesso, para mim, um avanço. Percebo igualmente um aumento do interesse de muitos, especialmente dos pentecostais, pela teologia reformada, pela teologia conservadora séria, erudita e pastoral, que traz um misto de profundidade e piedade. Cresce bastante o mercado de livros evangélicos com boa teologia e boa prática. Isso traz alguma esperança.
ENFOQUE: As igrejas históricas estão conseguindo sobreviver aos furos das neopentecostais?
Augustus: Em parte. Por um lado, o neopentecostalismo é tão obviamente antibíblico que a tarefa dos pastores e líderes das igrejas tradicionais fica mais fácil. Seria mais difícil se o neopentecostalismo fosse mais sutil, mais sofisticado. Mas, é um movimento de massas, levado avante no grito, na centralização do poder nas mãos de pseudo-bispos e apóstolos que manipulam as massas usando a Bíblia como pretexto para recolher milhões e milhões de reais. Não é difícil para qualquer pessoa um pouco mais esperta desconfiar do que realmente está acontecendo.
Por outro lado, o apelo que o neopentecostalismo faz à alma católica dos evangélicos é muito grande: objetos ungidos, relíquias, líderes apostólicos, prosperidades, milagres físicos – tudo herança do catolicismo na mentalidade brasileira. Mas, muitas igrejas tradicionais já estudaram o assunto e já tomaram posição sobre ele. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, tem veiculado cartas pastorais que instruem seus membros sobre o movimento G-12, as práticas da Universal do Reino de Deus, coreografia e dança litúrgica, para mencionar alguns. Isso ajuda os membros e pastores presbiterianos a ficarem firmes contra essas práticas.
ENFOQUE: Na sua opinião, qual será o futuro da Igreja Evangélica Brasileira?
Augustus: Como alguém já disse, “é muito difícil profetizar sobre o futuro”. O presente sugere que esse futuro não é róseo. O crescimento vertiginoso entre os evangélicos do pragmatismo, o relativismo, o liberalismo, a libertinagem, associado à desorganização e à fragmentação do movimento evangélico só pode pressagiar dias maus pela frente, a menos que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e intervenha de forma poderosa, como já fez várias vezes no passado.
O que mais me preocupa quanto ao futuro é que os evangélicos estão cada vez mais achando que os valores morais e doutrinários são relativos e cada vez mais abandonando o conceito de verdades absolutas e permanentes. Essa tendência é o resultado óbvio da influência do relativismo que permeia a cultura brasileira.
Uma amostragem do relativismo, que desemboca na libertinagem, pode ser encontrada em blogs, comunidades no Orkut e sites evangélicos na internet. Há comunidades evangélicas no Orkut, por exemplo, onde o sexo entre os jovens cristãos antes do casamento é defendido como se fosse absolutamente normal. Os jovens são expostos a todo tipo de doutrinação sem ter o acompanhamento de seus pastores e líderes, que via de regra não estão familiarizados com essa forma de comunicação ou não têm tempo. Pais e líderes evangélicos ficariam abismados se entrassem nessas comunidades. Por um lado, os jovens evangélicos são hoje muito mais bem informados e críticos que os de gerações anteriores. Por outro lado, receio que uma nova geração de evangélicos está se formando, em que pese o alcance ainda bastante limitado desses meios de comunicação, que verá com naturalidade a relativização dos valores morais e dos pontos doutrinários basilares do Cristianismo, com trágicos resultados para a fé e o testemunho cristãos.
Fonte: http://tempora-mores.blogspot.com
Fonte: http://tempora-mores.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário